sexta-feira, 18 de maio de 2012

Mar

Quando os dias começavam a aquecer, tinha vontade de ir ver o mar. Um dia, lá se decidia a satisfazer o seu desejo. Descia à praia, sentava-se no areal ainda semi-deserto naquela altura do ano, e ficava ali a olhá-lo, surpreendida e emocionada, como se o visse pela primeira vez.
Durante algum tempo, não sabia ao certo quanto, deixava-se ficar imóvel, saboreando apenas o encanto de um  momento assim, sem pensar em mais nada.
O mar exercia sobre ela um fascínio que nunca soubera explicar. Seria talvez porque lhe permitia acreditar que ir mais além é sempre possível. Ou, simplesmente, porque ao olhá-lo lhe fazia bem  imaginá-lo infinito - embora lá no fundo soubesse que isso não era verdade - como ela gostava que fosse o amor e mesmo a vida.
Depois deitava-se na areia, deixava o calor invadir lentamente todos os bocadinhos da sua pele, e sonhava, embalada pelo barulho do mar.
Que bem que lhe sabia  aquele (re)encontro de todos os anos!...

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