quinta-feira, 21 de junho de 2012

Ainda o (des)acordo ortográfico



"Escusado será dizer que sou contra o novo Acordo Ortográfico. Respeito quem pensa o contrário, mas até ao último dia em que possa fazê-lo, seguirei as regras com que aprendi a ler e a escrever. (...)
Segue abaixo um pequeno quadro bem elucidativo das origens do que até aqui escrevíamos em latim, francês, espanhol, inglês, alemão e velho e novo português. Cada um que tire as suas conclusões e aja em conformidade.
Actor Acteur Actor Actor Akteur Actot Ator
Factor Facteur Factor Factor Faktor Factor Fator
Tact Tacto Tact Takt Tacto Tato
Reactor Réacteur Reactor Reactor Reaktor Reactor Reator
Sector Secteur Sector Sector Sektor Sector Setor
Protector Protecteur Protector Protector Protektor Protector Protetor
Selection Seléction Selección Selection Selecção Seleção
Exacte Exacta Exact Exacto Exato
Except Excepto Exceto
Baptismus Baptême Baptism Baptismo Batismo
Excepction Exceptión Exception Excepção Exceção
Óptimo Ótimo
Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente. Se a origem está na Velha Europa por que é que temos que imitar os do outro lado do Atlântico?
(...)
Já não é só o Centro Cultural de Belém - instituição de direito privado, sem tutela pública. Ou Serralves. Ou a Casa da Música. Já não é só a generalidade dos jornais que o ignoram - Correio da Manhã, Jornal de Notícias, Público, i, Diário Económico e Jornal de Negócios, além da revista Sábado.
Já não são só os angolanos que se demarcam, ou os moçambicanos. Ou até os macaenses. Sem excluir os próprios brasileiros.
Por cá também já se perdeu de vez o respeitinho pelo Acordo Ortográfico. Todos os dias surge a confirmação de que não existe o consenso social mínimo em torno deste assunto.
É José Gil, um dos mais prestigiados pensadores portugueses, a classificá-lo, com toda a propriedade, de "néscio e grosseiro".
É a Faculdade de Letras de Lisboa que recusa igualmente impor o acordo.
Um acordo que pretende congregar, mas que só divide. Um acordo que está condenado a tornar-se letra morta - no todo ou em parte. Depende, apenas, de cada um de nós..."

Helena Sacadura Cabral

O texto não é meu, mas subscrevo-o inteiramente. E, enquanto puder e mantiver o meu perfeito juízo, recusar-me-ei a aderir a esta aberração e a escrever em "acordês".

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