quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os políticos pimba


Hoje, todos sabemos que  a actual crise não é apenas económica, mas também social, cultural e uma crise dos valores.
Sou em muitas coisas uma conservadora, daquelas pessoas que consideram, por exemplo, que devemos vestir-nos de acordo com cada ocasião, que não podemos ir à missa com a mesma roupa com que vamos dar um passeio no campo, nem ir trabalhar vestidos como se fossemos para a praia.
O mesmo para o excesso de informalidade nos modos e na linguagem,  que deve sempre adequar-se às circunstâncias e aos interlocutores.
Vem tudo isto a propósito da nova moda, agora muito em voga entre a classe política (mas, felizmente, ainda não generalizada), de utilizar em público uma linguagem que, como muito bem refere Maria Filomena Mónica, deve ser a que é utilizada nas casas de banho masculinas. Este excesso de á-vontade, que faz não ter a noção de onde se fala e para quem se fala deriva, ainda segundo Maria Filomena Mónica, da "falta de cultura, da ausência de respeito e do grau de boçalidade". Da falta de educação também, acrescentaria eu. Pergunto-me se a utilização deste linguajar grosseiro é absolutamente consciente e traduz apenas o desejo de ser "popularucho", debitando umas graçolas como se se estivesse entre amigos, no café do bairro, ou se é feita sem qualquer noção de onde e para quem se fala, do lugar que se ocupa e do que isso representa, o que me parece ainda mais grave. E afasta mais do que aproxima...
Numa sociedade e num tempo em que o prazer do conhecimento é substituído pelo imediato e pelo fácil, a "oratória rigorosa, a análise original no estilo e culta no conteúdo" de que fala ainda Maria Filomena Mónica e que deveria marcar o discurso político, é substituída pelo vazio de ideias, pela asneira e pela mediocridade dominantes. Quantos dos que se movem no espaço público serão capazes de ler um texto, de lhe entender o sentido e de dissertar sobre o que leram? Quantos se dedicam à leitura, simplesmente? Às vezes envergonho-me de pertencer a este país cada vez mais pimba e dos bimbos que nos governam (com algumas honrosas excepções!)...
A Passos Coelho pediria respeito ("respeitinho", diria ele) ou, parafraseando o Rei de Espanha, o que se me oferece dizer é tão somente: "por qué no te callas?"

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