segunda-feira, 20 de maio de 2013

A maior inimiga dos nossos saltos altos


A calçada portuguesa é especialmente bonita, imagem de marca das nossas ruas, embelezando  passeios com padrões a preto e branco, que misturam calcário e basalto em  formas geométricas, mais ou menos artísticas. Parece, até, que o desenho dos passeios da Praça dos Restauradores é de Abel Manta.
Quando eu era pequena, lembro-me de aproveitar as formas traçadas na calçada para fazer um jogo com a minha irmã, Avenida da República fora, a caminho da escola: só podíamos pisar as pedras pretas e perdia quem primeiro pisasse as brancas. Ou o contrário.
Hoje, já não me demoro nem entretenho a pisar as pedras de uma ou de outra cor, mas continuo a caminhar cuidadosamente, com  diferente motivação e propósito: procurar não enfiar os saltos nos buracos. É que, apesar de muito bonita, a calçada portuguesa não é uma boa aliada para quem, como eu, gosta de  usar saltos altos.
Tempos houve, há uns anos, quando a minha indumentária era constituída sobretudo por vertiginosas mini-saias, em que quase só andava de sapatos rasos. Mas, com o passar dos anos, a altura da saia foi descendo e o tamanho dos saltos começou a subir, em rigorosa proporção inversa. Em diferentes formatos, cores, ou espessuras, já não dispenso os saltos que me elevam para além do meu metro e sessenta e me acrescentam elegância, fazendo agora parte da minha imagem díária, com pouquíssimas excepções. Mesmo que isso signifique um exercício quotidiano de equilíbrio no empedrado, procurando evitar as fissuras entre as pedras da calçada, o que se agrava significativamente nos dias em que está molhada. "Vaidade a quanto obrigas", dir-me-ão. Mas só quem partilha esta minha mania dos saltos poderá entender como é também maravilhosa a sensação de chegar a casa e "quitarse los tacones"...

10 comentários:

  1. Lembro-me de partir saltos na calçada portuguesa, desde a faculdade até à paragem do autocarro, embora usasse saltos relativamente baixos ainda que finos. Não compreendo como é que as pessoas conseguem andar com saltos do tipo stilleto hoje em dia e penso que dão cabo da coluna, como aliás está provado por inúmeros ortopedistas. Para uma festa ainda vá, agora todos os dias, acho francamente supérfluo. Se desse aulas, Isabel, com certeza que não aguentava estar 90m de pé em saltos altos....

    Felizmente já não preciso de parecer mais alta - 1,64 - e vivo feliz com os meus sapatos vela ou botas rasinhas, rasinha....as aconselhadas pelo meu médico.
    :))

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    1. Eu só não dou aulas há três anos e garanto-lhe que aguento 90 mintutos de pé com saltos. Porque esta minha mania dos saltos já vem de longe e, por isso também do tempo da escola - eheheh ;)

      Beijinho

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  2. Confesso que por vezes sinto pena das senhoras que andam por aí na nossa calçada com aqueles "picos" nos sapatos. Um metro e sessenta é uma boa altura e segundo o meu sentido estético não vejo como algo assim tão relevante que para se ter um padrão de elegância composto, ter mais uns ou menos uns centímetros. Para ser sincero até acho um pouco irrelevante... Mas sentido estético cada um tem o seu.

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    1. Podem ser manias, admito, mas eu sinto-me bem melhor de saltos do que de sapatos rasos e já estou tão habituada que quase consigo evitar os buracos da calçada sem olhar para eles ;)

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  3. Não acho que seja uma mania , mas uma forma de evidenciar a sua própria beleza feminina, como o make-up, as joias falsas ou as mini-saias depois duma certa idade. Sem querer ofender ninguém, acho que a moda dita e as pessoas - com menos personalidade - imitam. Hoje em dia quer-se muito parecer "in" , fazer boa figura, esquecendo que o invisível é bem mais importante para os olhos, como diria o Principezinho.

    Nunca adoptei estilos por moda....até porque não tinha dinheiro para comprar Mary Quant ou outra quando era jovem. Agora que tenho, nunca gastaria balúrdios em roupa ou sapatos. As coisas são para nós no sentirmos bem, não para que os outros nos apreciem e aplaudam.

    Bjo

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    1. Toda a gente segue a moda, Virgínia, adaptando-a, naturalmente, ao seu gosto e características pessoais.
      Claro que o mais importante é o que não se vê, mas o que se vê também conta e muito. Arranjarmo-nos bem é uma questão de auto-estima e de respeito pelos outros em doses quase iguais. Li algures, acho que no "Fio de Prumo" que o nosso aspecto é como o nosso "cartão de visita".
      E não é preciso gastar muito dinheiro para ter bom aspecto. As coisas são para nos sentirmos bem, claro, acima de tudo, mas também são para que os outros nos apreciem. Quem não gosta de ser apreciado?
      E, voltando aos meus saltos altos, eu uso-os porque me sinto bem assim; muito melhor do que de sapatos rasos. Também não uso ténis, a não ser no ginásio. Porque o que me guia é o meu gosto pessoal, acima de tudo. Quanto á moda, sigo-a mais ou menos, como toda a gente ;)

      Beijinho

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  4. Ó Isabel, desde que não sejam saltos em agulha (e desde que não haja buracos) não deve ser muito problemático. O que mais me chateia nas calçadas de Lisboa são os abatimentos e desnivelamentos do piso. ~Mas quem é que gosta de ser calceteiro...?

    Beijinho :)

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    1. Claro que não é problemático, sobretudo para quem já está muito habituado, como eu - eheheh!
      Mesmo com os desnivelamentos dos passeios, lá me vou aguentando. Já prendi o salto uma vez ou outra num buraco, mas nunca caí por causa disso ;)

      Beijinho :)

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  5. Ao procurar a foto da calçada portuguesa que ornamenta os passeios do chiado deparei-me com esta conversa tão estimulante ...

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    1. Não tenho por hábito pubilcar comentários anónimos, mas abri uma excepção desta vez. Sem repetição...

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