segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Da arte e da literatura



Estas últimas tardes de Sábado consagradas à  literatura têm sido maravilhosas e têm representado o reencontro com uma paixão antiga, que sempre me acompanhou, - ainda que às vezes pareça um pouco mais adormecida, - o regresso a um tempo antigo de pensar em todas estas coisas, e voltar aos clássicos, e deliciar-me a ler  devagar, deixando que a palavra lida amadureça em mim, como uma desaceleração da correria habitual da vida. E perceber a que ponto as palavras podem ser apaixonantes. E encontrar nelas o que sinto, o que me emociona e seduz, mas não saberia dizer assim.

Justamente porque a literatura se funda genericamente na ideia, ela é a mais ameaçada das formas de arte, (...) ou a mais equívoca.  Porque (...) a forma de arte não discursiva permanece intacta ao nosso nomear. A literatura, porém, é nesse nomear que começa. Na relação da emoção com a palavra que a diz, o seu movimento é inverso do que acontece com a música ou a pintura. A emoção de um quadro resolve-se numa palavra terminal. Mas na literatura parte-se dessa palavra para chegar à emoção.
(Vergílio Ferreira, Arte Tempo)

2 comentários:

  1. A (boa) literatura sabe bem.

    Beijinho, Isabel, e boa semana.

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    1. Sempre. Eu não saberia viver sem ela, ou seria, no mínimo, menos feliz.

      Obrigada. Boa semana também para si.

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