quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ainda a literatura


A acusação de elitismo (...) convida a um debate demorado em torno das missões da Escola. A questão pode formular-se deste modo: deve as Escola abdicar dos textos "difíceis" apenas porque são "difíceis"? Ou deve, pelo contrário, esforçar-se por criar condições para que o contacto com esses textos (que são decisivos sob o ponto de vista cultural) sejam facultados a todos os alunos, em especial áqueles que, de outra forma, nunca chegariam a conhecê-los? O desafio maior deve ser o de encontrar um ponto de equilíbrio entre o imperativo da "inclusão" e o desenvolvimento da "cidadania", sendo que ambas as palavras concorrem para o ideal mais nobre da escola pública: o de conceder a todos as mesmas oportunidades. Se bem analiso a situação, os novos programas de Português (e também as metas que dele resultam) constituem um notável avanço e não um retrocesso. Reforçando o peso da Literatura, reconhecem que esta se encontrava menorizada nos programas anteriores; aceitam a importância identitária de que se reveste no contexto da cultura portuguesa, recuperam o alinhamento sadio da história literária sem cair no historicismo, preservam a centralidade dos textos no espaço lectivo e fazem deles (dos textos literários e também dos outros tipos de texto) via de conhecimento e de treino comunicacional. (...) 

Não, desta vez não é Vasco Graça Moura. É um tal José Augusto Bernardes, professor da Faculdade de Letras de Coimbra, de quem eu nunca ouvi falar, mas que escreve hoje no DN um artigo de opinião com o qual concordo inteiramente. Além disso, este assunto interessa-me (deveria interessar-nos a todos, na verdade), e diz-me respeito. Por isso tenho insistido tanto nele e por isso o trago aqui uma vez mais. E suspeito que não será a última...

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