segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Aselhice e amizade

Sem presunção excessiva e apenas porque conheço bem as minhas capacidades e limitações, tenho-me na conta de pessoa inteligente, perspicaz e decidida.
Mas há também os assuntos nos quais admito ser especialmente inábil. Cito dois, que podem servir de exemplo - e já nem vou falar da condução: o bricolage e as tecnologias.
Num e noutro domínios colecciono histórias fantásticas, que são verdadeiras pérolas, para não dizer anedotas, ilustrativas da minha proverbial faltinha de jeito para certas coisas. Conto uma, muito antiga, de quando ainda dava aulas há poucos anos. Um dia, quis usar um gravador, que não funcionava nem depois de verificar todas as tomadas da sala de aula e quase a instalação eléctrica da escola inteira. Nada a fazer. O gravador mantinha-se mudo. Até que um aluno, solícito, me ofereceu ajuda. Aproximou-se, olhou para o gravador e disse, sem se rir: é natural que não funcione, professora. Está em versão "pausa". Rimo-nos todos.
Penso que me valeu o facto de se tratar de uma turma de secundário e de os alunos serem, naquela altura, pouco mais novos que eu e, talvez por isso, mais compreensivos. Acho que foi o que atenuou o tamanho do vexame.
Mas porque tudo tem também um lado bom, tenho conseguido encontrar sempre alguém, tal como aquele aluno, disposto a ajudar-me a resolver o que não sou capaz de fazer, nas mais diversas circunstâncias, que podem ir de instalar um candeeiro no tecto, a (re)encontrar um post do blogue, misteriosa e subitamente perdido.
Tenho de facto muito bons amigos, alguns (poucos) encontrados aqui mesmo, na blogosfera, com quem aprendo imenso; e sou feliz por isso. Creio, até, que esse é talvez o meu bem mais precioso.
Às vezes ainda ouço a voz da minha mãe, que quando se zangava comigo me falava sempre da minha "mania que és independente". Ou relembro os que me repetem a toda a hora os perigos deste mundo virtual, onde julgam haver apenas psicopatas e perseguidores tarados. Haverá gente louca e perturbada, decerto, mas também gente impecável, decente e encantadora, tal como na vida.
A todos, apetece-me falar de amizade. E de como ela me é fundamental. E dizer-lhes que nunca vou conseguir agradecer aos meus amigos o bom que é poder contar com eles, nem explicar-lhes a importância que têm para mim. E, acima de tudo, como e quanto lhes quero bem.

4 comentários:

  1. É isso mesmo Isabel!! A vida não tem qualquer sentido sem a verdadeira amizade.
    Beijinho para si com um grande sorriso :)

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    1. Pois não Teresa, pois não! E eu, nesse campo ( e noutros) sinto-me uma privilegiada.
      E muito mais dependente dos afectos do que possa parecer.

      Outro enorme sorriso para si, com um beijinho e tudo. :)

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  2. Alguns deles, mais do que ajudar a reencontrar posts, podem-nos salvar a vida. A boa amizade é uma das respostas à pergunta "o que andamos aqui a fazer?".
    Beijinho :)
    Paulo (potencial psicopata)

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    1. Concordo consigo inteiramente, Paulo. No fundo ajudar a reencontrar posts é apenas sintoma ou sinal de qualquer coisa muito maior: uma boa amizade!

      (potencial psicopata ou mesmo, quiçá, perseguidor tarado.. :P)
      Beijinho :)

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