sábado, 23 de agosto de 2014

Lembrar, esquecer

 
O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
 
                                                                                      (Miguel Esteves Cardoso)
 
E também havia os dias em que tudo era só ausência e desejo, e em que a saudade era pior que uma dor; era uma vagarosa e incómoda moinha, a consumir o coração e a perturbar a habitual tranquilidade, que ia minando tudo, porque não havia distracção, nem alegria, que conseguisse apagar ou fazer esquecer a urgência do abraço apertado, do calor das mãos grandes, do colo bom, que lhe aquecia a alma, lhe acalmava o corpo em sobressalto, e lhe enchia de sol a vida.
 

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