segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Chuva


Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.

Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente

do que me fala à razão.
Mas a razão é limite
do que tem ocasião

de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem-limite.
Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou. 
           

              
                                           Vergílio Ferreira
            
Sou claramente do sol, que me é fundamental, tal como o mar, a música, a poesia. Ser-me-ia por isso difícil viver feliz numa daquelas cidades onde chove quase sempre.
E, no entanto, encontro às vezes um encanto todo especial nas superfícies luzidias dos dias mais tristes e sombrios, que tornam as horas de sol e luz brilhante mais apetecíveis ainda.

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