quarta-feira, 29 de abril de 2015

Canções da minha vida (XII)


 
Não sei bem por que razão me fui lembrar agora desta canção, que marcou a minha adolescência e juventude, num tempo em que, com a irreverência própria da idade, Brassens não podia faltar nos animadíssimos serões do meu grupo de amigos. Era a época em que cantávamos todos aos berros "quand je pense à Fernande, je bande, je bande, quand je pense à Félicie, je bande aussi..." e nos deliciava e envaidecia até ligeiramente saber que muita gente não percebia o que aquelas palavras queriam dizer.
Havia também os Moustakis, Ferrés, e  companhia. Havia, sobretudo, em todos estes hinos, entoados na alegria ingénua e na despreocupação com que vivíamos, a vontade de quem quer e pode tudo, misturada com sonhos de amores  eternos, corações palpitantes, paixões mais ou menos assolapadas, e a cabeça cheia de fantasias, hesitando diante de um sem fim de caminhos para experimentar e mundos para percorrer, na avidez e na surpresa da primeira vez.
Anos mais tarde, aluna do Institut Français, conheci Brassens de outra maneira, na sua vertente mais literária, de compositor-poeta.  E aí era já uma visão mais séria, ou quase isso.
Esta canção - "quatre vingt quinze foi sur cent" -, há anos que não a ouvia, mas o refrão ainda o sei de cor; e hoje, não pude deixar de sorrir às muitas memórias boas que me trouxe. Tem uma letra deliciosa, "à  Brassens". Aqui fica um bocadinho:
 
 
La femme qui possède tout en elle
Pour donner le goût des fêtes charnelles
La femme qui suscite en nous tant de passion brutale
La femme est avant tout sentimentale
Main dans la main les longues promenades
Les fleurs, les billets doux, les sérénades
Les crimes, les folies que pour ses beaux yeux l'on commet
La transportent, mais...

{Refrain:}
Quatre-vingt-quinze fois sur cent
La femme s'emmerde en baisant
Qu'elle le taise ou qu'elle le confesse
C'est pas tous les jours qu'on lui déride les fesses
Les pauvres bougres convaincus
Du contraire sont des cocus
A l'heure de l'œuvre de chair
Elle est souvent triste, peu chère
S'il n'entend le cœur qui bat
Le corps non plus ne bronche pas


Sauf quand elle aime un homme avec tendresse
Toujours sensible alors à ses caresses
Toujours bien disposée, toujours encline à s'émouvoir
Ell' s'emmerd' sans s'en apercevoir
Ou quand elle a des besoins tyranniques
Qu'elle souffre de nymphomanie chronique
C'est ell' qui fait alors passer à ses adorateurs
De fichus quarts d'heure

{au Refrain}
 

2 comentários:

  1. Eu não percebo o que aquelas palavras querem dizer... Mas, para compensar, recordo-me de uma altura no secundário no final do ano, na disciplina de frances, a professora deu a opção a umas colegas mais cromas na lingua a fazer ou não o ultimo teste. Se não fizessem tinham 4, se fizessem e tivessem excelente poderiam ter 5. Então lá foram elas fazer a ver se sacavam o 5... E eu a ver se me safava... No final tiveram tipo não satisfaz, ou lá o que foi, a ponto da professora ficar na dúvida se lhes deveria dar 4 ou 3... Nisto, até eu que nã percebia muito daquilo, tive (muito) melhor nota no teste. Como diria um grande anti-intelectual da nossa praça "....todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo...". Menos eu... Ahahahahah...
    Bom, isto para dizer o que? Pois, já nem sei bem...

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    1. Ou seja, dito isto, vai-se a ver e ainda percebe a letra da canção melhor que eu. Ahah (brincadeirinha!)

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