quarta-feira, 6 de maio de 2015

Não havia necessidade...


Com o título "Cada Cavadela" e assinado por Nuno Saraiva, um dos subdirectores, este era hoje o editorial do DN, com o qual concordo em absoluto:
 
Pedro Passos Coelho decidiu desenterrar, mais uma vez, a chamada "crise do irrevogável" que, no verão de 2013, quase deitou abaixo o governo. Numa biografia autorizada, ontem apresentada, o primeiro-ministro recua no tempo para apontar o dedo a Paulo Portas, a quem acusa, implicitamente, de ser o responsável pela demissão de Vítor Gaspar. E revela que o agora vice-primeiro-ministro lhe comunicou "por sms" a decisão de abandonar o executivo. Por estes dias, aliás, as mensagens de telemóvel têm sido assunto num e noutro campo político. E parecem ser sinónimo de tiro no pé. Mas o que mais impressiona no timing e nos termos escolhidos por Pedro Passos Coelho para "fazer sair" esta narrativa, é ser indecifrável o seu objetivo. Dez dias depois de ter renovado os votos com Paulo Portas, o primeiro-ministro colocou-se no centro da ação política por ter, mais uma vez e em público, dado mostras de não confiar no seu parceiro de coligação. Porque é disso que se trata. Há pouco mais de um ano, o líder do CDS recusou revelar os pormenores do verão quente de 2013 porque, explicou na altura, "sou membro do governo e tenho um dever de reserva". Pelos vistos, o primeiro-ministro e líder do PSD considera-se dispensado desse dever e não hesita em apoucar em público Paulo Portas. Aquilo que Passos Coelho conseguiu ontem foi, tão-só, voltar a irritar o CDS. E a pergunta que fica por responder é: o que ganham o PSD e a coligação com isto? Numa altura que deveria ser de mobilização pré-eleitoral e em que ambos os partidos acordaram ir juntos a eleições, é incompreensível este comportamento que dá pretexto a que, de um lado e do outro, se fale de "deslealdade" ou de "ajuste de contas". Se calhar, e ao contrário do que todos julgávamos possível, a frase de Pedro Passos Coelho "que se lixem as eleições" não era, de todo, uma bravata. Porque, apesar dos erros sucessivos do PS, se o primeiro-ministro persistir nos elogios públicos a Dias Loureiro ou nas humilhações a Paulo Portas, uma coisa é quase certa: António Costa pode fazer as asneiras que quiser, que terá em Pedro Passos Coelho um "aliado" solidário que lhe abrirá as portas de São Bento.

Nesta, como em todas as outras coisas, acredito e confio em Paulo Portas; e não acredito, nem confio nadinha, em PPC. Mas isso nem vem agora ao caso. O que fica no ar são duas perguntas: Porquê? Para quê?

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