terça-feira, 16 de junho de 2015

Os resultados dos exames


É todos os anos a mesma conversa. Com os maus resultados dos exames há sempre quem aproveite para apontar o dedo aos professores, à complexidade dos programas, aos métodos, ao stress dos momentos de avaliação. Fala-se logo nas dificuldades de aprendizagem. Na formação de professores. Na reflexão que tem que se fazer. E no que se passa na Finlândia (como se a nossa sociedade e a deles fossem de algum modo comparáveis...).
Imediatamente surge também a ideia de que o melhor é "acabar com eles". A educação é aliás um daqueles assuntos sobre os quais toda a gente opina como se entendesse muito bem aquilo de que fala. Nestas alturas aparecem inevitavelmente os que referem a “inutilidade destas provas, que só contribuem para a deformação do processo de ensino e para uma forte perturbação nas escolas, na vida de professores, alunos e famílias”. Estas são palavras de Lurdes Figueiral, a porta-voz da Associação de Professores de Matemática, citada pelo jornal Público. O que se pretende é que não se saiba o real estado de ignorância que soma e segue de maneira crescente. Alarmante, até. Que isto seja dito por uma professora parece-me ainda mais vergonhoso. Ou talvez não...
Quem está de facto por dentro destas coisas e assiste a conselhos de turma de avaliação de final de ano não pode deixar de ficar chocado com o modo conformista e negligente como os alunos passam com três e quatro negativas, sem saber coisa nenhuma e - pior ainda - sem ter feito nada. Ou quase nada. Porque "coitadinhos"... O que importa é passar. De qualquer maneira...
Sabe, também, que noventa por cento dos alunos não tem quaisquer dificuldades de aprendizagem e que hoje tudo serve de pretexto e de desculpa para fazer o menos possível, sem qualquer tipo de esforço ou empenho. Sem trabalho algum. E ainda que, contrariamente à ideia que se quer fazer passar, na comunicação social nomeadamente, os exames não são eliminatórios e apenas valem trinta por cento da média final. Que é importante uma avaliação que não seja feita exclusivamente pelo professor da disciplina, para verificar o que realmente foi aprendido ou não. Que quanto mais cedo se habituarem a situações em que são postos à prova, melhor os alunos se preparam para as milhentas situações do mesmo tipo que terão de enfrentar pela vida fora.
Por isso, para mim, deveria era haver exames a todas as disciplinas nos anos terminais de ciclo. Para moralizar os costumes. E para que o ensino e aprendizagem fossem algo sério e eficaz e não esta espécie de anedota em que este país se tornou. Ou que, se calhar, sempre foi... 

2 comentários:

  1. Olá, a minha filha fez esta semana 2 exames do 11º ano e acredite que devido ao stress, e ela é uma miuda calma, o rosto dela ficou com o acne muito mais agressivo, esperamos que o resultado lhe compense estes dias de intenso estudo.

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    1. Há algum stress inerente a uma prova de exame, claro, mas não exageremos.
      Afinal todos fizemos exames e sobrevivemos. Os exames, hoje, e exceptuando os casos em que os alunos anulam as disciplinas e vão a exame como "externos" não são eliminatórios. E quando os alunos se preparam ao longo de todo o ano, fazendo simplesmente o que lhes é pedido nem sequer precisam de estudar "intensamente" nos dias que antecedem os exames.
      Há que desdramatizar estas situações, tratadas até na comunicação social como "um bicho de sete cabeças" que não são de forma alguma.

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