domingo, 10 de abril de 2016

Magia e perfeição


Às vezes, só às vezes, sinto orgulho de ser portuguesa. Não por causa dos Descobrimentos, nem dos golos do Cristiano Ronaldo, mas quando descubro aqui certas coisas que verdadeiramente me emocionam: quando olho o Tejo ao fim da tarde, quando vinda do sul sempre me surpreende e comove a vista de Lisboa, quando vejo o Diogo Infante representar com o talento que só os génios têm...
Foi também isso que aconteceu há dois dias, durante o concerto do Quinteto de Lisboa. Impossível encontrar as palavras certas para explicar como foi especial, íntimo e tocante o concerto na Culturgest, pretexto para apresentação do CD do grupo, que recomendo.
São quinze canções onde se cruzam a voz única, simultaneamente firme e cristalina de María Berarsarte, uma basca com alma de portuguesa, presença fortíssima, sensual, simples e expressiva, capaz de encher um palco, enquanto esbanja sentimento, e o profissionalismo de Paulo de Carvalho, que é, sem dúvida, uma das melhores vozes portuguesas de sempre. Se a isto juntarmos o talento de João Gil na guitarra acústica, de José Peixoto, na guitarra clássica e de Fernando Júdice, no baixo acústico, temos todos os ingredientes para garantir qualidade e uma sonoridade que é simultaneamente portuguesa na sua essência, mas com todas as influências da música do mundo. Claro que há também as letras de João Monge, sempre magníficas. E houve as luzes do Pedro Leston (que se reconhecem logo) e o som do Fernando Abrantes, que também contribuíram para tornar esta noite inesquecível.
Agora, que aquelas quase duas horas não podem repetir-se, é comprar o disco e ouvi-lo muitas vezes. Não é a mesma coisa, mas também é bom...

Sem comentários:

Enviar um comentário