sábado, 19 de novembro de 2016

A inenarrável Linha Verde


Que os transportes de Lisboa estão cada vez piores parece-me mais ou menos consensual, pelo menos para quem, como eu, os frequenta diariamente.
O Metro, apesar dum rede excessivamente  reduzida (é incompreensível não haver Metro para as Amoreiras, para Campo de Ourique, ou para a Graça, por exemplo) tinha pelo menos a vantagem da sua rapidez.
Veio depois a pouca-vergonha das greves quase semanais que, ao contrário do que acontece noutras cidades evoluídas - Madrid, por exemplo - implicava o fecho integral do serviço durante dias inteiros.
Mas nunca o serviço do Metro foi tão mau como agora: todos os dias há pelo menos uma linha com "perturbações na circulação", o que significa atrasos imprevisíveis e incumprimento total de horários. Mas, para além da sujidade crescente das estações e carruagens, da degradação do espaço de forma geral, da ausência de funcionários em determinadas estações, dias ou horas, o que se passa na Linha Verde é o verdadeiro paradigma do péssimo serviço prestado a quem vive e/ou trabalha em Lisboa, para além do número crescente dos que nos visitam.
Como se explica, pois, que uma das linhas de maior movimento (Cais Sodré, com ligação ao comboio de Cascais - Telheiras), que cruza com a Linha que serve o Aeroporto e a Estação do Oriente, funcione sempre com as carruagens reduzidas a metade (três em vez de seis, como nas restantes linhas)?
Claro que isto significa a permanente sobrelotação das carruagens, cheias de gente literalmente "entalada" entre malas, visto que em cada estação entram pelo menos dez pessoas com bagagens. Um excelente cartão de visita, pois claro.
É por isso que podemos ter muitas manias de que somos europeus e civilizados, mas é, na verdade, no mais trivial que se verifica o nosso imenso e provavelmente incontornável atraso, que nos aproxima bem mais do Norte de África do que da Europa a que nos costumamos gabar de pertencer...
Assim não vamos lá...

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