sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Do prazer


É também necessário que te diga um pouco dos meus gostos e carácter, na medida em que eu próprio os possa conhecer. Sou grande fumador, bom caçador, apaixonado pela música (...) Peço-te no entanto que não me impeças de fumar, é o único vício ao qual me apeguei seriamente. Quando se esteve no mar, quando se viu a morte defronte dos olhos, quando acreditamos que não voltaremos a ver os nossos, o charuto faz a vez de amigo e companheiro, fazendo voar os pensamentos tristes, como o fumo se agita ao vento.

(D. Luís I para D. Maria Pia, a 23 de Agosto de 1862, numa das cartas de noivado)


Mesmo sem nunca ter tido o vício do tabaco, e para lá do seu aspecto mais nocivo e malsão, até pelo que implica de dependência, entendo que há pequenos prazeres que podem fazer toda a diferença:  o primeiro café do dia, o vento no cabelo, uma conversa entre amigos, uma sesta no sofá, o regresso a um lugar de que se gosta, um olhar cúmplice, um beijo apaixonado... e tantas outras coisas que tornam a vida maravilhosa e permitem reinventá-la como se recomeçasse a cada instante, no conforto do que se conhece e na surpresa sempre renovada do que está por vir. 

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