segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Irmandade(s)


Quando eu era pequenina, todas as noites pedia assim ao anjo da guarda: "Anjo da guarda, minha companhia, guarda a Teresinha e a maninha, de noite e de dia". E ele guardou.
Continua a guardar até hoje, acho eu, mesmo que eu me tenha esquecido de continuar a pedir-lho; pelo menos desta forma, tão pueril quanto enternecedora.
E, de facto, com mais ou menos altos e baixos, mas sem juízos de valor, com tudo o que ao longo dos anos nos dividiu e aproximou, não há nada comparável à relação dos irmãos. Porque temos com eles uma ligação diferente de todas as outras; porque há entre nós histórias e memórias que não são de mais ninguém, e coisas que só nós podemos entender; porque há qualquer coisa de indizível, que está para lá dos laços familiares, do sangue e do nome em comum, um vínculo que nos liga com tudo o que isso tem de bom e de mau, também, e que, nunca, nunca, se desfaz. Será, talvez, esse nó que já estava implícito no pedido feito ao anjinho da guarda, há muito tempo, nos primórdios da nossa existência.

2 comentários:

  1. Em criança tinha um grande desgosto por ser filha única. Com o tempo, o sentimento esbateu-se um pouco mas ainda hoje tenho muita pena de não ter tido irmãos.

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    1. É especial sim, Luísa, mesmo quando não corre assim muito bem... :)

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