terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O mar aqui tão perto...


Quem como eu vive em Lisboa tem este privilégio do rio e do mar aqui ao lado, a possibilidade de aproveitar o sol e deleitar-se a olhá-lo em demorado namoro e, com isso, serenar as inquietações da alma e reequilibrar a vida.
Claro que esta espécie de paraíso não é exclusiva de Lisboa, mas eu gosto de "puxar a brasa à minha sardinha", porque me seria difícil viver longe daqui e, certamente, jamais no interior, que eu sou muito mais do azul do que do verde (preferências clubísticas à parte, claro está).
Será talvez influência do meu signo, mas há nas águas calmas ou tumultuosas esse fascínio que é como um apelo, misto de atracção e temor em doses iguais, e que me faz muitas vezes precisar de me sentar calada e quieta na margem do rio ou na beira do mar, e deixar os olhos e o pensamento perder-se na sua aparente infinitude.
Preciso do sossego manso e cintilante das águas brilhando ao sol, em momentos em que o tempo parece suspender-se, como no amor, na música, ou em tudo o que nos emociona verdadeiramente. É uma preguiça boa, que me pacifica o espírito e me faz sentir em harmonia com o que me rodeia, que me deixa em paz e que me é, de vez em quando, fundamental.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Amor não convencional





(...)
Yo no quiero vecínas con pucheros;
Yo no quiero sembrar ni compartir;
Yo no quiero catorce de febrero
Ni cumpleaños feliz.

Yo no quiero cargar con tus maletas;
Yo no quiero que elijas mi champú;
Yo no quiero cortarme la coleta,
Mudarme de planeta,
Brindar a tu salud.

Yo no quiero domingos por la tarde;
Yo no quiero columpio en el jardin;
Lo que yo quiero, corazón cobarde,
Es que mueras por mí.

Y morirme contigo si te matas
Y matarme contigo si te mueres
Porque el amor cuando no muere mata
Porque amores que matan nunca mueren.

Yo no quiero juntar para mañana,
No me pidas llegar a fin de mes;
Yo no quiero comerme una manzana
Dos veces por semana
Sin ganas de comer.
(...)
Yo no quiero saber por qué lo hiciste;
Yo no quiero contigo ni sin ti;
Lo que yo quiero, muchacha de ojos tristes,
Es que mueras por mí.

Y morirme contigo si te matas
Y matarme contigo si te mueres
Porque el amor cuando no muere mata
Porque amores que matan nunca mueren.

(Joaquín Sabina)



domingo, 11 de fevereiro de 2018

O domínio do silêncio


Um filme de Spielberg, com Meryl Streep e Tom Hanks é uma aposta ganha à partida, seja qual for o seu assunto. Porque Meryl Streep é, reconhecidamente e de forma quase unânime, das melhores actrizes da actualidade (para mim a melhor de todas), daquelas que fazem tudo bem feito. Mas é, creio, na forma como a sua presença se impõe no silêncio que reside a sua grande força. É isso que nos prende e emociona. Pelo menos foi o que fiquei a pensar, hoje, quando vi The Post.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Autenticidade




Perguntamo-nos, provavelmente, qual será o segredo desta navarra de 19 anos que apaixonou Espanha inteira, e o mundo que seguiu emocionado os três meses e picos que durou a nona edição de Operación Triunfo, e que terá sido, talvez, a que teve mais êxito e qualidade musical; e humana, que é afinal a que mais importa.
Também eu me sentei durante catorze semanas seguidas na frente da televisão às segundas-feiras à noite, de onde quase não me mexia, nem sequer  atendia o telefone, para me deixar levar nessa viagem musical cheia de bom gosto e de talento, onde, semana após semana, Amaia Romero se foi destacando, pela excepcionalidade das suas interpretações, pela sua transformação em palco, pela magia de cada actuação, diante da qual é impossível não nos deixarmos levar com ela e emocionar-nos de igual modo.
Mas a graça e e o toque original desta pamplonesa é a sua imensa naturalidade e doçura, a sua desconcertante inocência, a mistura certa de à-vontade e timidez, a fazer lembrar um pouco Salvador Sobral.
Por isso tinha razão Joe Perez-Orive quando disse isto a Amaia: "en el mundo de la canción están los cracks, están los megacracks, están los supermegacracks y luego estás tú, Amaia" (...) ou isto: "voz reverberante, rotunda, segura y potente".
Para quem ainda não conhece Amaia, é urgente ouvi-la. E depois deixar-se "enganchar".
Em Maio, estará em Lisboa para representar Espanha na Eurovisão. A canção, em dueto com Alfred García, tem tudo para chegar longe: porque é simples e bonita, e porque traduz a história de amor dos dois, a qual fomos acompanhando desde "City of stars" e nos foi conquistando, como eles, à medida em que foi crescendo com o tempo e ficando mais forte e ainda mais encantadora.
O sucesso de Operación Triunfo é difícil de explicar para quem não acompanhou de perto este fenómeno. Mas ouvir Amaia cantar é único, porque ela tem o dom supremo de nos fazer acreditar no lado bom da vida e no poder da música de "chegar onde as palavras não chegam". Imperdível, pois, agora, e para sempre...